Amílcar Cabral foi assassinado há 39 anos
FRIDAY, 20 JANUARY 2012 09:31 WRITTEN BY VNN STAFF
Amílcar Cabral, primeiro secretário-geral do PAIGC, partido que conduziu a independência da Guiné e Cabo Verde, foi assassinado há 39 anos, em Conacri, constituindo, assim, um duro golpe à luta armada que então decorria nas matas da Guiné-Bissau.
Foi num dia como hoje, a 20 de Janeiro de 1973, que o mundo recebera a notícia de que Amílcar Cabral havia sido assassinado na capital da Guiné-Conacri. Na altura, os mais cépticos pensaram que era o fim do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e, logo, o termo da luta armada.
O exército português, como se pôde notar depois, não lucrou com o assassínio de Amílcar Cabral. A guerrilha intensificou a sua acção em todas as frentes de combate e com a aquisição de mísseis terra-ar “Stella” retirou a supremacia aérea às forças portuguesas.
Assim, a 24 de Setembro, nas matas de Madina do Boé, o PAIGC declara, unilateralmente, a independência da Guiné-Bissau.
“A Guiné era o palco da luta mais avançada nas ex-colónias portuguesas, era preciso travá-la e apareceu como método para isso, para travar esse avanço na luta, cortar a cabeça ao seu pilar mais forte”, o líder histórico do PAIGC, Amílcar Cabral, disse Pedro Pires, antigo comandante de uma das frentes de luta armada na Guiné e ex-Presidente da República de Cabo Verde, em entrevista à Lusa, por ocasião do simpósio internacional sobre Amílcar Cabral realizado em 2004, na Cidade da Praia.
Profundo conhecedor do processo histórico da independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Pedro Pires, falou ainda da importância do pensamento de Amílcar Cabral para a resolução dos principais problemas nos dois países.
“Na abordagem que Cabral faz da luta de libertação nacional, há muito de útil para Cabo Verde e para a Guiné-Bissau, mas também para a África no seu todo”, adiantou Pedro Pires, lembrando, no entanto, que, como o próprio dizia, “era preciso ter em conta a forma de aplicar as ideias, porque a realidade varia na geografia e no tempo”.
Segundo Pedro Pires, “houve muitas tentativas de matar Cabral e todas falharam até 20 de Janeiro de 1973”, na capital da Guiné-Conacri.
“Depois de falhar no assalto a Conacri (a Operação Mar Verde, protagonizada pelo exército português), depois de falhar a tentativa de dividir o PAIGC dentro da Guiné, havia que atacar o lado mais fraco, que era a República da Guiné. E a razão está exactamente aí”, considerou Pedro Pires.
Amílcar Lopes Cabral nasceu no dia 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, Guiné-Bissau, e, em 1932, fixa residência em Cabo Verde, onde completa o curso liceal, em 1943.
Foi funcionário da Imprensa Nacional, na Praia. Em 1945, recebe uma bolsa de estudo e segue para Portugal a fim de ingressar no Instituto Superior de Agronomia.
Após concluir a formação, trabalha na Estação Agronómica de Santarém. Em 1952, regressa a Bissau para trabalhar nos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné.
Trabalhou ainda em Angola onde aderiu ao MPLA (Movimento Popular de LIbertação de Angola). Em 1970, o papa Paulo VI concede audiência a Amílcar Cabral, Agostinho Neto e Marcelino dos Santos.
Entretanto, para assinalar o dia de hoje, a Presidência da República promove um debate à volta da independência de Cabo Verde e do seu processo de democratização, com a participação de várias figuras independentes e ligadas a partidos políticos.
Fonte: Inforpress
